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ARTE MARCIAL, BUJUTSU E BUDO

          Arte marcial (do latim Ars: "técnica", e Martiale “natural de Marte” (o “deus da Guerra” para os romanos), significando: Arte da guerra. Em chinês chama-se: Wushu (arte da guerra), e em japonês  BuJutsu (que também siginifica "arte da guerra"), A expressão “arte marcial” antigamente designava todas as artes guerreiras ou militares e seus sistemas de treinamento para a guerra ou combate, que utilizassem armas ou não.

          Muitos treinamentos de guerra orientais, deram origem a diversos tipos treinamentos físicos, derivados daquelas técnicas de guerra, que passaram por aperfeiçoamento gradual e que foram transmitidas às gerações posteriores, sendo atualmente praticados em todo o mundo.

O que diferencia estes treinamentos que chamamos de “artes marciais” da mera violência física ou briga de rua, é a organização de suas técnicas em um sistema coerente de combate.

           Existem diversos estilos e escolas de artes marciais, cada uma com o seu sistema de ensino, divididas em diferentes níveis de aprendizagem, com diversos objetivos para o desenvolvimento de seus praticantes, entre alguns destes objetivos podemos citar:

 

           1º - O Desporto de Combate: Que se dá quando as artes marciais são praticadas como modalidade esportiva, aonde o objetivo principal são as competições.

          2º - A Defesa Pessoal: Que acontece quando as artes marciais são praticadas com o intuito de defesa contra ataques, e ensinam o seu praticante a defender-se atacando, passando a pessoa que esta sendo agredida injustamente a praticar a legítima defesa, podendo vir a “submeter” o agressor mediante as diversas técnicas aprendidas.

         3º - Filosofia de vida: Que acontece quando a prática das artes marciais não busca somente o desenvolvimento físico, a competição e a defesa pessoal, mas também a prática de autoconhecimento, que consiste no aperfeiçoamento mental, moral e espiritual. Aonde a prática de se conhecer melhor, faz com que uma pessoa tenha também um melhor controle das suas emoções. Objetivando ainda o ideal de bem estar e o benefício mútuo, bem como, a paz universal.

                    A TRANSIÇÃO DO BUJUTSU PARA O BUDÔ

           Como vimos a expressão  BuJutsu, refere-se  arte da guerra, e no Japão a partir do Xogunato Tokugawa (século XVII), com a estabilização e pacificação do Japão, o BuJutsu começa a perder sua importância como instrumento de guerra, tornando-se obsoleto em função do surgimento de armamentos modernos (armas de fogo chegaram no Japão), aonde neste momento os samurais perceberam que suas afiadas e bem manejadas Katanas (espadas japonesas) eram inúteis diante de uma pistola carregada.

               Com o advento da Era Meiji, em 1868, acabou-se o período feudal no Japão, esse período feudal, era baseado no Xogunato, uma forma de governo em que os chefes militares exerciam o poder e eram chamados de xoguns.

Iniciou-se então a modernização do país, o que ocasionou a evacuação do sistema feudal e da classe guerreira dos samurais. Assim, nada mais restava das antigas circunstâncias que sustentavam as tradicionais técnicas de guerra.

              Surge então a expresão Budô, que por sua vez é uma expressão composta da raiz Bu, que significa relativo a guerra ou as artes marciais, e Do, que significa o caminho de sentido ou forma. Especificamente, Do é derivada do sânscrito "marga" budista (o que significa o "caminho" para a iluminação). O termo remete à ideia de formulação de proposições, submetê-las à crítica filosófica e, em seguida, na sequência de um "caminho" para realizá-los. Não consiste em um "padrão determinado". No contexto japonês, o fazer é um termo experiencial, no sentido de que a prática (o modo de vida) é a norma para verificar a validade da disciplina cultivada através de uma determinada forma de arte.

               Esta mudança da utilização das artes marciais para "Caminhos Marciais" passou a ser uma realidade, aonde a prática dos movimentos marciais, não serviam mais como instrumentos de defesa contra ataques na guerra, mas sim, como exercícios para a iluminação espiritual. 

              No Budo não se tem nenhum inimigo externo, só o inimigo interno, que é o nosso próprio ego, e que deve ser combatido.

O Budo manteve as características das técnicas de defesa contra ataques que eram utilizadas na Guerra, mas com outra finalidade principal, o cunho educacional e de formação.

            Com a prática de suas técnicas se cultiva o corpo, a mente e o espírito e possibilita a pessoa a alcançar sua evolução, dando-lhe caráter, disciplina e transformando-o em um cidadão útil à sociedade.

            O Grande Mestre Jigoro Kano, criador do judô, e considerado um dos originadores do budô moderno, viu nas artes marciais um grande potencial como ferramenta educacional. Para isso, ele compilou diversos estilos de jujutsu, eliminando algumas técnicas excessivamente traumáticas e adicionando outras criadas por ele mesmo, sintetizando um novo estilo de jujutsu que ele batizou de judô. Porém, o judô não se tratava apenas de uma modalidade de luta, pois Kano incorporou à sua arte elementos filosóficos que enfatizavam valores como respeito, coragem, humildade, justiça, auto-controle, dignidade e honra, de forma que sua modalidade servia não apenas como educação física e defesa pessoal, como também educação moral dos praticantes.

             O Grande Mestre Morihei Ueshiba, criador do Aidido, e também considerado um dos originadores do budô moderno, falou assim:

             Como AI (harmonia), é comum com AI (amor), eu decidi nomear meu budo único (no sentido de diferenciado) de “Aikido”, embora a palavra “aiki” seja uma palavra antiga. A palavra como foi usada pelos guerreiros no passado é fundamentalmente diferente da minha.

Aiki não é uma técnica para lutar com ou derrotar o inimigo. É o caminho para reconciliar o mundo e fazer dos seres humanos uma só família.

(...)

             O Grande Mestre Funakoshi, criador do Karatê Shotokan, e também considerado um dos originadores do budô moderno, ao criar o seu estilo, procurou desenvolver e aperfeiçoar cada vez mais a sua obra para concluir conflitos. Pois, chegou à conclusão de que treinar para deixar a parte física saudável não era o suficiente e passou a preocupar-se não apenas em praticante ser um lutador excepcional, mas que ele fosse um bom exemplo como cidadão, pois, segundo ele, o praticante de Karate deve manter a mente longe de sentimentos impuros como maldade e egoísmo, buscando então a pureza do pensar, porém, alerta para reagir de forma adequada ás situações adversas que se fizerem presentes em sua vida.

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